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Retrato do trânsito em Campinas: maior letalidade na madrugada, mais acidentes nos horários de pico

Duas pessoas morrem em acidente na Rodovia Zeferino Vaz, em Campinas; rodovia ficou totalmente interditada Alexandre de Jesus/EPTV Uma análise dos acidentes de...

Retrato do trânsito em Campinas: maior letalidade na madrugada, mais acidentes nos horários de pico
Retrato do trânsito em Campinas: maior letalidade na madrugada, mais acidentes nos horários de pico (Foto: Reprodução)

Duas pessoas morrem em acidente na Rodovia Zeferino Vaz, em Campinas; rodovia ficou totalmente interditada Alexandre de Jesus/EPTV Uma análise dos acidentes de trânsito em Campinas (SP) pelo horário em que eles ocorreram, a partir do Sistema de Informações de Acidentes de Trânsito em São Paulo (Infosiga-SP), mostra que há concentração de sinistros logo pela manhã e no início da noite, nos horários de pico, e uma maior letalidade na madrugada, em especial na faixa das 4h. Fatores como desatenção, pressa, excesso de velocidade, consumo de álcool e imperícia ajudam a explicar os números, de acordo com Marcus Romaro, especialista em segurança no trânsito. Segundo o Infosiga, entre dezembro de 2024 e novembro de 2025, foram registrados 2.646 acidentes em vias urbanas e rodovias da metrópole, sendo que 129 foram fatais. 📲 Participe do canal do g1 Campinas no WhatsApp Veja os vídeos que estão em alta no g1 Em números absolutos, as mortes estão concentradas em acidentes entre o fim da tarde e o começo da noite (16h às 19h), com 40 vítimas. Mas percentualmente, considerando o total de ocorrências, os óbitos nessas faixas de horário chegam, no máximo, a 6,9% do total. Embora o total de sinistros diminua drasticamente a partir das 23h, é na madrugada em que há mais mortes por número de acidentes. Nos últimos 12 meses, foram 45 ocorrências na faixa das 4h, com oito óbitos - 17,7% do total. "No horário de madrugada, geralmente no período entre quinta e sábado, normalmente envolve pessoas que foram para a balada, que estão cansadas, beberam, exageram na velocidade. Como não tem ninguém na pista, dá aquela sensação de liberdade. E as pessoas acabam acelerando", destaca Romaro. O especialista faz um alerta e reforça que esses acidentes expõem imperícia dos condutores, o que ajuda a explicar a maior letalidade nesses horários de menor movimento. "A pessoa está bebâda, acha que é piloto, acelera, mas não tem domínio do veículo. O carro não perde freio, direção, ele obedece o comando. Se eu não consegui fazer uma curva, frear a tempo, eu dei o comando errado ou não soube controlar. A imperícia gera imprudência, de pessoas que não têm domínio e capacidade de administrar diversas informações ao mesmo tempo", explica. Sobre o consumo de álcool, uma análise do Comitê Intersetorial Programa Vida no Trânsito, da Emdec, de 43 casos fatais já revisados em 2025 em vias urbanas, apontou que a combinação de bebida e direção aparece como o fator de risco com mais mortes no ano, superando o excesso de velocidade. Foram 15 sinistros fatais, o que representa 34,8% do total analisado. Já o “excesso ou velocidade inadequada” causou 14 sinistros fatais em vias urbanas. Veja o ranking: Álcool associado à direção: 15 casos Velocidade excessiva ou inadequada: 14 casos Comportamento do pedestre: 9 casos Desrespeito à sinalização de trânsito: 5 casos Transitar em local proibido: 4 casos "Como estratégia para combater os efeitos do álcool no trânsito, a Emdec e a Guarda Municipal vêm realizando a “Operação pela Vida”, focada na identificação de alcoolemia nos condutores, por meio de teste com bafômetros", informa, em nota, a Emdec. Emdec começa a atuar com bafômetros e terá blitz permanentes de Lei Seca em Campinas Conduzir veículo automotor sob influência de álcool é uma infração gravíssima, multiplicada por 10, com multa no valor de R$ 2.934,70, recolhimento e suspensão da habilitação por 12 meses e retenção do veículo. A multa e penalidades também se aplicam em caso de recusa do teste. Campinas terá fiscalizações com agentes da Emdec fazendo teste do bafômetro Tráfego intenso, cansaço, desatenção... Ao analisar os períodos de maior número de sinistros de trânsito nos últimos 12 meses em Campinas, como o das 7h, que contalizou 192 ocorrências, e entre 18h e 19h, com 195 e 187, respectivamente, Marcus Romaro pontua que eles seguem uma tendência observada em estatísticas internacionais. Segundo o especialista, a maior parte dos acidentes acontece até 15 minutos da porta de casa ou do trabalho, ou até 15h da porta de casa ou do trabalho. "A gente está concentrado para chegar em algum lugar, e quando está chegando perto, acaba relaxando um pouco, a sensação do já cheguei. Ou a gente ainda está levantando, acordando, para sair, e ainda se sente dentro de casa, e não presta a devida atenção. Além de ter aumento do tráfego, a pessoa muitas vezes está atrasada ou não querendo se atrasar, ou saindo do trabalho, cansada, e quer chegar logo em casa", destaca. Romaro explica que essa somatória de fatores justifica o elevado número de acidentes nessas faixas de horário, e também responde à questão sobre a letalidade, com menor número de sinistros fatais em relação ao total de ocorrências. "Isso ocorre pois normalmente esses acidentes acontece em regiões urbanas, quando a pessoa está chegando perto de casa ou do trabalho", afirma. Acidente entre dois caminhões deixou uma pessoa morta em Campinas Reprodução/EPTV Conflitos nas ruas Romaro destaca o crescimento dos acidentes a partir das 16h, momento em que um acúmulo de pessoas com diferentes interesses nas ruas e avenidas. "Tem quem está no trânsito para ir ao comércio, passeio, e também começa o movimento das pessoas saindo do trabalho", diz. Além disso, dependendo da época do ano e condições climáticas interferem nas ocorrências pela faixa de horário. No inverno, começa a escurecer mais cedo, e o uso incorreto do farol alto, por exemplo, ofusca outros motoristas. "Nessa faixa de horário há muito carro, uma somatória de pessoas com tempos, habilidades e interesses diferentes, umas mais rápidas e outras mais devagar, querendo se deslocar", avalia. LEIA TAMBÉM Homens de 26 anos concentram maior nº de mortes em acidentes de trânsito da região de Campinas Homens entre 18 e 59 anos concentram 80% dos acidentes de trânsito na região de Campinas VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e Região Veja mais notícias sobre a região na página do g1 Campinas.